domingo, 21 de março de 2010

Momentâneo

Eu vejo os fios dos meus cabelos se balançarem com a brisa que vem da janela. Abandonada, estilhaçada e incompreendida eu notava pela área da cobertura do prédio o vai e vem dos carros parando de minuto em minuto pra esperar o engarrafamento. Buzinas e gritos encenavam aquele lugar, enquanto nos prados viamos lentamente as folhas das árvore cairem.
No placo só haviam vozes e o borburim dos demais palhaços que participavam do circo. Os objetivos confundiam-se e entrelaçavam-se ao longo do tempo. A floresta sombria que fica perto do lago estava crescendo, onde cada moeda lá encontrada significava um desejo já perdido. Desejos, nada mais além disso.
A caminhada que leva daqui até o outro lado desse carnaval é longa, desviando dos sorrisos fúteis talvez consiga chegar até lá. As ondas do campo trazem um aroma de mel, porém os olhares lá ao longe já não são tão doces assim. Da cobertura inabitada do prédio ela joga todos os seus amores, atropelados pelos carros lá embaixo eles morrem, um a um. Deixe todas as suas lamentações para mais tarde, a água chia e o chá não pode se atrasar, a realeza o espera fora das suas acomodações.
Tirando o jogo, a bebida e o cigarro não tenho mais nenhum vício, então vejamos até onde vão as margens do corrego da sua alma. Sempre que pensamos que encontramos uma pequena cachoeira é apenas mais uma bifurcação. Cinco segundos depois o sol bate na janela e corro para poder respirar.